sábado, 13 de março de 2010

EU CANTO O CORPO ELÉTRICO -


EU CANTO O CORPO ELÉTRICO
poema de Walt Whitman (trecho)

Esta é a forma fêmea,
dela dos pés à cabeça emana um halo divino,
ela chama com ardente atração irrecusável,
sou absorvido por seu respirar como se não fosse mais do
que um vapor indefeso, tudo fica de lado a não ser ela e eu,
os livros, a arte, a religião, o tempo, a terra sólida e visível,
e o que do céu se esperava e do inferno se temia, tudo se acaba
estranhos filamentos, incontroláveis renôvos aparecem fora dela,
e a ação correspondente também incontrolável,
cabelo, peito, quadrís, curvatura das pernas, mãos displicentes caindo,
todas difusas, difusas também as minhas
maré de influxo e influxo de maré, carne de amor inturgescendo
e a doer deliciosamente

Eis o núcleo - depois vem a criança nascida de mulher,
vem o homem nascido de mulher,
eis o banho de origem e emergência do pequeno e do grande,
e a saída outra vez.

Não vos vexeis, mulheres: em vosso privilégio tendes fechados os outros
e está a passagem dos outros,
vós sois os portões do corpo e sois os portões da alma.

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